quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Desespero

Posso dizer com toda a certeza que estou desesperada. É um desespero desconhecido e intenso. Não sei se posso com ele. Não sei como agir diante dele. Ele chegou de mansinho, mal percebi sua presença, e quando finalmente me dei conta dele já era tarde demais. Minhas mãos já estavam atadas e ele me esganava o pescoço, gritava comigo, me ordenava que dissesse a verdade. Então gastei um dos pouquíssimos suspiros que me restava e lhe contei tudo. E ele chorou. E eu chorei. E nós choramos. E eu pedi perdão. E ele disse que não. Não para o meu perdão, não para tudo. Me esganou mais um pouco crente de que minha verdade era mentira. O que eu faria? Mentir mais? Não posso. Ele me mata aos poucos. Me esgana por fora, mas o ar me falta lá dentro. Suspiro mais um perdão e ele não cede. Seus olhos querem vingança, mas também imploram para que voltemos aqueles tempos que eram melhores do que esse. Não posso. Voltar é impossível. Um dia te pedi para entender, mas agora te peço para aceitar. Ninguém volta ao passado. Só é possível andar para frente. Me perdoe, eu digo mais uma vez e o desespero se afrouxa ao meu redor. Será que entendeu? Será que finalmente aceitou? Se eu acreditasse nele, pediria a Deus pela sua vida. Por favor, não quero mentir mais. Não posso mentir mais. Não engano só a você, engano a mim também. Me perdoe, desespero, por te desesperar. Não foi minha intenção. Nada disso foi planejado. Nada nunca é planejado. Ninguém planeja a chegada graça ou da desgraça. São coisas que simplesmente chegam. Me perdoe, por não poder prever a chegada de algo em mim. Sentimentos são imprevisíveis, tanto quanto os homens, mas não mais do que as mulheres. Desespero, por favor, não me desespere mais do que já estou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário